Prezados/as colaboradores/as do CEAEC,
Amanhã estaremos realizando a II Assembléia Ordinária do ano de 2011 e contamos com a participação de tod@s que fazem parte e que se importam com as atividades do Centro... Amanhã estaremos iniciando a nossa reunião com o lindo texto transcrito abaixo, onde realizaremos uma reflexão sobre o que somos, o que fazemos, qual a nossa proposta de trabalho e como poderemos fazer a diferença para o desenvolvimento das crianças e adolescentes que estão diariamente no CEAEC.
Até breve! Boa leitura...
Fome de Dignidade
De que me adianta meus olhos se fecharem à realidade
Sair pelos campos a ver somente flores.
Sentir-me bem comigo mesmo, ter minha cama limpa, macia a espera de meu corpo, estar bem alimentado, às vezes até em demasia…
De que me adianta fazer de conta que minhas crianças estão a sorrir, a brincar, viver livremente entre campos e plumas de beleza e encanto.
De que me adianta, enfim. Sentar-me, aceitar a tudo que meus olhos teimam fazer de conta não existir, mas existe…
Quanto poderia ser feito pelos templos que ostentam riquezas?
Seria esta o tipo de demonstração de fé esperada por nosso Pai?
Quanto compramos a mais, quanto desperdiço?
Quantas vezes paramos e damos as costas aos problemas de outras nações, como se nunca fossem nos tocar? Crianças jogadas do alto do edifício pelo próprio pai…
Outras, morrendo ao léu, por fome…
A ave de rapina apenas a esperar o derradeiro instante
Seria o derradeiro instante do amor…?
Seria o derradeiro instante de cada um de nós?
Ou, seria um chamado para a maior de todas as guerras?
Lutar contra a fome, a fome de alimentos, a fome de justiça, a fome de dignidade, a fome de vergonha, a fome de lares destruídos, a fome da decência.
Dar as costas, achar que nada poderá ser feito, seria cômodo…
Entrelacemos as mãos! Cuidemos de nossos lares sem esquecer que tudo que jogamos fora, por excesso; poderá servir ao lar de nosso vizinho.
Não importa se este vizinho é negro, branco, amarelo, homem, mulher, homossexual, nada importa…
Importa somente. Que olhemos como nosso irmão, apenas isto!
Respeitando a individualidade de cada um e, sem humilhação, ajudando, estendendo a mão, abrindo o coração, ofertando o pão…
A humanidade, passa, talvez, pela fome moral…
Devido a ganância dos grandes senhores, governantes escolhidos pelos votos, outros; impostos por minoria.
Esta fome violenta que arranca do homem a dignidade do trabalho e com este labor o sustento de sua própria família…
Ah! Esta dor que domina a minha alma a deparar-me com tal cena!…
A lágrima que roça minha face?
Profunda. Chegando as profundezas de minhas entranhas!
Quando acho que já teria feito muito, vejo que ainda existe muito a ser feito
Quando penso em descansar, vejo que tenho que levantar-me e lutar pelos pequenos vigiados pelos urubus, fazer minha parte!
Lançar meu exemplo a meu próximo e esperar que cada qual faça o mesmo
E, assim alcançarmos a vitória sobre a fome que coroe a dignidade da vida!
Se me satisfaço com um pão, mas tenho moedas para seis…
Reservo agora, os outros cinco a meus irmãos…
Afinal, para aonde um dia vou, me apresentar a meu Pai, nada levo…
Sem ser minha história…
Autor: Paulo Nunes Junior
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